quarta-feira, 28 de maio de 2008

Meu Croatá

Meu croatá Sucatinga 2000






Croatá do gavião, da coruja, do campina.
Do preá, do purané.
Do tamanduá bandeira, otizeiro.
Catingueira e o pé de Juazeiro.
Lembre-me a velha mangueira
Daquela antiga porteira
Lá do sítio da vovó
Daquela rede de nó, no alpendre da cozinha.
Da antiga casa de farinha
Onde eu ia com a mãezinha
Mandioca raspar.
O antigo passa disso, lá no belo alagadiço.
Onde eu tinha que passar
Da levada de água fria
Onde eu ia com a Maria
Para um belo banho tomar.
Lembro com muita clareza
De toda aquela beleza
Do meu lindo Croatá
Das noites de S.João, cantiga, adivinhações.
Anedotas e mugunzá, o meu belo Croatá.
E o gato maracujá as galinhas a assustar.
Quando juntava castanha
Com a latinha na mão
E com um pauzinho ciscava
E as castanhas que juntava
Guardava com cuidado
Lá no canto da parede
E no pote tinha água
Pra matar a minha sede.
Lembro de quando eu e mamãe
Montados no jumentinho
Pelo aquilo longo caminho
Vovó ia visitar e chegando lá
Íamos até a mangueira
Mangas rosa apanhar.
Às vezes com ousadia
Papai reunia a família
E todos iam ao croatá
Lá se passava o dia
A tardinha todos saíam de lá
Mas com pena da madrinha
Que ficava a chorar.
O tempo foi passando
E as coisas foram mudando
E veja no que se deu
No sítio acabou a vida
No peito sé a ferida
E vovó já faleceu.
As casinhas derrubaram e aos poucos desprezaram
O sítio de minha vó
Hoje só resta lembrança
Trago vivo a esperança
De que em sítio irei morar
Embora tenho na consciência
Que vovó não vai está lá.
Me relembro a lagoa
E antiga maiadinha
Que ao iremos pra madrinha
Lá nós tínhamos que pescar
Cará, jacundá, traíra e até mesmo aruá.
Relembro o chão da cozinha
Com uma ruína de cará
E ao redor todos se reuniam
Para juntos consertar
E com muita dedicação
Vovó vinha ajudar.
As vezes papai brigava
Com aqueles que choravam
Para não ir consertar
Mas tudo se ajeitava
E no final todos ajudavam.
E na hora do almoço
Um panelão de cará.
Cozido no óleo do coco
Todos vinham saborear
E enchiam a barriga
De pirão e de cará.
Nas noites de lua cheia
Todo mundo no terreiro
Era aquela algazarra
Os mais velhos conversam
E os mais novos escutavam
Diante da bela conversa
Mais uma noite se passava.
Lá em baixo das mangueiras
Um alguidá com pirão
Conhecido por todos
Como escaldado de feijão
Com peixe assado, ou carne.
Todos comiam com gosto
Hoje só resta a saudade do
Que era cidade mais sim
Um lugar de gosto.

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